Técnicas de como Cabular

Formação de Formadores - Técnicas de como Cabular

A arte de "cabular" - ou do "copianço" - como é comum ser referida actualmente, ocupa um lugar de destaque no universo da desonestidade pedagógica. Da envergonhada e esporádica ocorrência de há 50 anos até à máxima moderna "estudo, logo copio" vão apenas algumas décadas de (in)evolução.

O Guia da Desonestidade Académica dedica esta secção a esta actividade universal, que de tão inventiva por vezes, supera o objecto de estudo quer em qualidade, quer em inventividade. Se pretende evitar a cópia dos seus formandos durante os testes ou exames, conheça algumas destas técnicas para melhor se proteger:

O método da camisa de mangas compridas

Esta técnica é mais utilizada durante o inverno. Na prática o aluno utiliza os seus antebraços como papel de cábula escrevendo aí todas as informações que necessita memorizar. Sempre que pretende consultar esta "cábula" só tem que arregaçar as mangas, enquanto o formador não está a olhar para si. Existem variantes em que o papel da cábula é colado com fita adesiva ao braço do aluno, ou de forma idêntica nas pernas - embora aí a leitura seja mais difícil.

A Mesa é a melhor amiga

Há formandos que são muito pontuais, até demasiado! São os primeiros a chegar à sala e o seu propósito é apenas um: escrever no tampo da mesa a sua cábula. Em seguida só têm que pousar algo em cima dela: uma peça de roupa, umas folhas em branco, etc. para esconder a prova do crime. Sempre que necessário, afastam esse objecto e espreitam. 

Tecnologia amiga

Sempre que o teste permita a utilização da calculadora, a arte e o engenho aguçam. Hoje em dia a tecnologia coloca ao serviço do "aluno cábula" um arsenal de opções. Desde calculadoras que aparentam um ar simples - mas que têm capacidade para armazenar o Wikipédia inteiro - até às memórias escondidas (que através de uma combinação de teclas mostram as fórmulas e definições escondidas) quase tudo é possível. O telemóvel também é muito usado e os smartphones são a estrela do momento. O melhor mesmo é não permitir o seu uso, colocando-os sobre a secretária do formador até ao final do teste.

Chapéus há muitos, mas alguns são melhores do que outros...

Copiar na sua forma mais comum implica apenas espreitar o teste do colega do lado ou da frente, com ou sem o seu consentimento. É em relação a esta modalidade que o formador normalmente está mais atento. Mas a imaginação do formando não tem limites. Sempre que algum deles insista em usar chapéu, desconfie. E se o chapéu for do tipo "jogador de baseball" - com a aba para a frente - é ideal para que ele, com a cabeça inclinada, possa observar calmamente o teste dos outros colegas.

O Método Kleenex

Se alguns dos formandos já entregaram o teste é natural que o formador os coloque em cima da sua mesa, não tendo muitas vezes o cuidado de os colocar com a frente virada para baixo. É o momento certo para o "aluno cábula" atacar: finge tosse, necessidade de assoar e aproxima-se da mesa do formador pedindo um lenço de papel. Enquanto o Formador procura ele só tem que espreitar para um desses testes. Um método alternativo é levar a cábula escrita num dos seus lenços de papel e, ao fingir que se assoa, consultar a mesma.

Trabalho em Equipe

Desde pagar a um "outsider" para que faça o teste até conseguir alguém lá fora - normalmente nos balneários - que aguarde que o formando peça para ir à casa de banho (criando assim a oportunidade para o ajudar) tudo é possível. A vigilância é a única defesa contra este método subversivo.

A Técnica da Mochila

Este aluno escolhe normalmente os lugares mais distantes e inacessíveis da sala. Quando o formador pede - no início do exame - para guardar todos os documentos e livros, este aluno aproveita para colocar as suas notas no chão, junto à mochila ou pasta volumosa, para que não possam ser vistas pelo formador, podendo no entanto ser consultadas pelo formando ao longo do teste.

Estado desesperado

Este método é semelhante ao método do chapéu e a ideia é dar a impressão que se está com dificuldades - o que normalmente é bem visto pelo formador e apela à solidariedade e compreensão do mesmo. Enquanto o formando suspira, coloca a mão na cabeça e se inclina (num gesto de desespero) tal não passa de uma boa prestação de actor, pois na realidade fica assim melhor posicionado para espreitar o teste dos colegas, escondendo com a mão o olhar. Esta técnica tem variantes: enquanto se fecha o olho do lado do formador o outro pode manter-se "bem aberto".

A técnica da Pastilha Elástica

Esta técnica é engenhosa. Alguns tipos de chicletes vêm embrulhadas em papel que pode ser aproveitado para o formando colocar as suas notas escritas. Assim, em caso de desespero, este só tem de desembrulhar a "pastilha certa" e ler as notas escritas. Raramente alguém desconfia, mas agora passa a estar prevenido! Na eventualidade de o formador desconfiar, existe normalmente uma pastilha inócua - sem notas - que se oferece ao professor num gesto de boa vontade.

Graffitis / Mural

Este método exige a "solidariedade" da turma e consiste em alguém escrever nas paredes - em cartazes afixados ou em outro lugar estratégico, fora da visão fácil do Formador - informações que ajudem o aluno a "cabular". Caso o Formador descubra, terá dificuldade em acusar alguém, pelo que neste caso "o crime compensará". Portanto, uma revisão ocular das paredes atrás do formador não será má ideia.

A Palma da Mão não serve só para ler a sina
Esta técnica é um clássico mas não serve para quem se enerva e transpira das mãos... Uma caneta, duas mãos - uma para escrever e a outra para ser escrita - são suficientes. O limite está no tamanho da letra e/ou no tamanho da mão.

Murmúrios
À medida que o teste decorre, do silêncio sepulcral do início, um som de fundo vai aumentando enquanto o tempo passa. São murmúrios - normalmente vindos do lado oposto onde se encontra o formador - que aumentam e diminuem entre os "shhss!" que o mesmo vai distribuindo, na vã tentativa de os silenciar. Uma técnica para minorar este tipo de "companheirismo" é contrariar a ordem pela qual os formandos de sentam, redistribuindo os respectivos lugares.

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