Estudos sobre o Plágio Académico

Portal da Formação de Formadores - Estudos sobre o Plágio

Portugal acompanha o resto do Mundo no que diz respeito ao número de estudantes que admite ter copiado em exames. Existem alguns estudos portugueses relativamente ao uso do plágio no contexto académico dos quais gostaríamos de salientar os seguintes:

Ivo Domingues, professor de Sociologia, na Universidade do Minho, é autor de um estudo com o título «Atitudes face ao copianço na universidade», em que aponta para uma prática generalizada da fraude académica. Como exemplo, refere que numa turma do 1º ano a maioria dos alunos afirmava que este comportamento era herdado do ensino secundário: 95% admitiu já ter copiado anteriormente e só 5% é que afirmaram ter iniciado este tipo de prática na faculdade.

Ou seja, tal comportamento é suportado por um contexto social e académico favorável a este tipo de fraude, em que os pactos de silêncio imperam. A sua afirmação faz-se de modo crescente, a começar nos graus mais baixos do ensino. Por outro lado, os professores têm vindo a enfraquecer as práticas de vigilância e controlo e mesmo os mecanismos sancionatórios refletem um certo "facilitismo" pedagógico e alguma indefinição na ética deontológica. 

Aurora Castro Teixeira, da Faculdade de Economia da Universidade do Porto e Maria Fátima Rocha são autoras de diversos estudos sobre a integridade académica no ensino superior. Entre eles um estudo realizado nas universidades públicas dos cursos de Economia e Gestão em 2005 e reavaliado em 2010 com a colaboração de um vasto leque de Universidades em todo o Mundo, do qual podemos retirar algumas conclusões interessantes:

  • Os homens têm uma tendência para copiar 20% superior à das mulheres.
  • A distribuição geográfica das atitudes de cabulanço é outra surpresa pois, segundo o estudo, os alunos oriundos da região do Alentejo possuem uma propensão à cópia muito superior: "oito em cada dez alentejanos são cábulas". Neste "ranking", os alunos originários das ilhas são os mais cumpridores: 50% dos açorianos diz que nunca copia, logo seguidos por 41,7 dos madeirenses.
  • Existe um aumento da fraude académica nos anos finais de um curso, o que poderá estar associado à pressão para ter boas notas e entrar no competitivo mercado de trabalho. Tal é agravado pela aceitação ética e moral deste tipo de práticas pois 51,4% dos alunos considera que copiar é um acto irrelevante e pouco grave.
  • Cerca de 40% admite que o acto é intencional e só 17% admite que o faz por motivos de pânico.
  • Em Portugal existe uma lacuna na forma como as instituições lidam com este problema existindo "um comportamento desculpabilizante e transversal a toda a sociedade". Refere ainda que nas insituições onde existe um código de honra, dissuasor da fraude bem como sanções claras, os valores estatísticos descem significativamente.
  • Mas segundo Aurora Teixeira, mais importante do que as questões de ordem moral são as questões que têm a ver com o maior ou menor rigor no controlo e vigilância dos testes e exames: "os alunos que mais copiam são os que consideram que os vigilantes são dissuasores e que assumem que se tivessem menos vigilantes estudavam menos".
  • Os estudantes que assumem práticas menos lícitas ao nível dos estudos possuem maior probabilidade de cometer actos ilícitos no contexto laboral. Tal, refere a autora do estudo, assume perigos acrescidos na área do Direito. Outra implicação social, segundo a estudiosa, reflecte-se na tendência para a fuga aos impostos.
  • Segundo este estudo que envolveu também 42 instituições dos quatro continentes - excepto a Ásia - para um universo de 7213 estudantes e 41 Países, 61,7 por cento dos alunos universitários admite já ter praticado algum tipo de fraude
  • Portugal e restantes países do sul da Europa, bem como o bloco de países latino-americanos, estão no meio da tabela. O bom exemplo vem dos países nórdicos - Dinamarca e Suécia - e o mau exemplo vem dos países do leste europeu - Polónia, Roménia e Eslovénia - com uma média estimada em 87,9 por cento.
  • Deste estudo internacional verifica-se que existe uma forte correlação estatística entre os índices de fraude académica e os indicadores de corrupção relativos a cada País (Índice Mundial de Transparência relativo a 2005). Ou seja, nos países onde há maior fraude académica o nível de corrupção é superior.
  • Quase dois em cada dez estudantes admitem ter copiado "uma secção de um livro, artigo ou website e submetê-lo como seu".

<< 1 - Introdução

3 - Técnicas de Como Cabular >>