A educação e a adolescência

Orientações recentes dos psicólogos reconhecem que a adolescência decorre efetivamente até aos 25 anos de idade para fins de tratamento dos jovens. Será esta a nova fronteira para o início da vida adulta? Segundo estes, existem agora três fases na adolescência:

  • início da adolescência 12-14 anos,
  • a adolescência média 15-17 anos
  • e a adolescência final de 18 anos e mais.

Um dos reflexos desta mudança no comportamentos dos jovens, passa por uma saída tardia da casas dos pais e pelo aumento dos anos de escolaridade, atrasando deste modo a entrada dos jovens na fase profissional das suas vidas. Portugal é um País que, há semelhança de outros, tem feito um percurso crescente nos anos de escolaridade obrigatória, o qual que neste momento se situa nos 12 anos.

Hoje, sabe-se que o desenvolvimento do cérebro e da atividade hormonal continua bem para lá dos primeiros vinte anos. Este prolongamento da fase adolescente está associado a causas hormonais, físicas e sociais e é alimentado por uma crescente cultura de infantilização dos comportamentos dos jovens durante a fase de transição para a idade adulta. Hoje é bem aceite ver um "jovem de 30 anos" sem atividade profissional, entretendo o seu tempo, em casa, com jogos de computadores, quando há décadas atrás o normal seria que ele já se encontrasse totalmente integrado no mundo profissional.

Mas este fenómeno também tem implicações negativas do ponto de vista do seu comportamento social em sala de aula. Recentemente vieram a público notícias de que as universidades portuguesas se debatem com um novo fenómeno; aumento da indisciplina nos jovens universitários. As faculdades passaram a utilizar ferramentas que nalguns casos se encontravam na gaveta, tais como: processos disciplinares, suspensões e mesmo expulsões. Os professores têm vindo a queixar-se de comportamentos de falta de respeito por parte dos alunos, especialmente no primeiro ano de frequência, demonstrando o grau de imaturidade com que os jovens chegam ao ensino superior. 

Bernardo Barahona Corrêa, professor na Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa e investigador da Fundação Champalimaud, especialista em défice de atenção, afirma que "Noto um aumento da perturbação nas aulas de ano para ano. Por vezes temos de mandar alunos para a rua como se fossem miúdos de 14 anos".

Importa assim encontrar novas respostas do ponto de vista pedagógico, que levem estes fatores em linha de conta e que contribuam para melhorar a concentração e o consequente grau de sucesso dos processos de educação e formação dos jovens.