A Mulher Hoje

Falar na Mulher é ter um pensamento bifurcado. É vê-la pelo lado romântico tão bem descrito por Vinícios de Morais e Pablo Neruda e vê-la como motor da sociedade atual que, embora lentamente, conquista o seu espaço, altera mentalidades construindo um mundo em que homens e mulheres têm as mesmas oportunidades. No fundo, continua a associar-se à mulher o ser feminina, mãe, esposa e ao mesmo tempo agente social, económico e político.

Ao longo dos anos temos observado transformações nas famílias, no mercado de trabalho, na educação dos filhos, ou até mesmo, na decisão de ter ou não ter filhos. Mas estará a sociedade preparada para aceitar a mulher de hoje? A sociedade é composta por homens e mulheres e está construída com base em valores morais, sociais, religiosos, entre outros. Há toda uma história recente da mulher reprimida sexualmente, socialmente, politicamente e a nível laboral. Em Portugal temos um percurso curto de emancipação da mulher que teima em impor-se contra homens e contra outras mulheres. Mas será que deveria ser assim? Não deveriam homens e mulheres andar lado a lado na construção de um futuro não discriminatório?

No entanto e apesar das lutas constantes na procura da equidade, ainda se verificam situações de discriminação e desigualdade no acesso a posições de liderança no mercado de trabalho. Aqueles que deveriam dar o exemplo, infelizmente não o fazem e ainda não temos o mesmo número de homens e mulheres na política, nem em cargos de ministério ou secretarias de estado, nem mesmo na assembleia da república. A representação das mulheres é assimétrica nos lugares onde o poder e a tomada de decisão são fundamentais.

Uma vez que as crianças são o futuro considerei oportuno questionar um menino de 13 anos sobre a mulher de hoje e deixo-vos a sua reflexão que nos poderá ajudar a crescer e amadurecer enquanto adultos.

“Ser mulher é….

Ser humano com órgão genitais femininos. A aparência não distingue homens e mulheres, apenas os genitais. Não posso descrever a mulher no geral, no fundo, toda a descrição seria igual para homens e mulheres. As mulheres não têm de ser obrigatoriamente sentimentais, boas cozinheiras, boas donas de casa, também há homens assim e até melhores que as mulheres. Reafirmo que a única coisa que os distingue são os órgãos genitais.

Homens e mulheres podem ter as mesmas competências e qualidades. Mas existe discriminação constante profissionalmente, pelo seu aspeto físico e pela dúvida das suas capacidades. Mas isto é uma questão histórica muito longa. Infelizmente há homens que se aproveitam das mulheres em todos os contextos mostrando a sua masculinidade chegando mesmo a abusar delas, mesmo quando lhes lançam piropos estão a abusar psicologicamente. 

As mulheres não têm de ser obrigatoriamente mães, mas sentem o peso da sociedade constantemente sobre elas neste aspeto.”

Francisco Allen, 13 anos

Paula Allen, Março 2015