Formar para Transformar
A necessidade de tornar pessoas autónomas leva os formadores a refletir sobre o papel da formação.
Sair daquele modelo tradicional de educação e abrir espaço para o novo é uma transformação que requer que o formador desenvolva a própria autonomia para poder desenvolvê-la nos outros.
Romper com o modelo tradicional de educação e tornar o sujeito capaz de refletir, refazer pensamentos, contestar, tomar decisões e transformar sua própria realidade.
Para que as condições concretas que limitam a autonomia sejam transformadas, é preciso reinventar o mundo de hoje e a educação em particular. Essa reinvenção do mundo exige comprometimento. Uma atitude pró ativa.
Da mesma forma que não é possível entrar na chuva sem se molhar, não é possível educar sem revelar a própria maneira de ser, de pensar …(cf. FREIRE, 2000a, p. 108).
A autonomia seria o objetivo da formação, sendo favorecida com métodos que privilegiem a cooperação, numa relação de respeito mútuo e de descoberta.
A formação deve servir não só para desenvolver a inteligência e as habilidades de alguém, mas para ajudar a ampliar sua perspetiva, tornando-a útil à sociedade e ao mundo em geral. Esta é a sensibilidade que aprofundamos com os nossos formandos, futuros formadores!
Há uns anos atrás, o objetivo de vida dos adultos era que no final da escolarização encontrar um emprego estável para a vida. Com a dinâmica social de hoje a possibilidade de arranjar à saída da universidade ou da escola, um emprego estável tornou-se uma “miragem”.
Nesta conjuntura é fundamental que a estrutura da formação forme empreendedores, ou seja que se consiga munir os adultos de competências e conhecimentos para descobrirem dentro de si saídas para as frustrações do dia-a-dia, formar pessoas que confiam em si, no seu potencial interno, acreditando que serão capazes de alcançar aquilo que as realizará, tendo como objetivo a autonomia e não a noção de se ficar “refém “de um emprego, de uma vocação de uma opção.
Vivemos numa época imprevisível, onde a imprevisibilidade se verifica em todas as dimensões da nossa vida, temos que saber lidar com a mudança, compreender que ser empreendedor é muito mais do que a capacidade ou habilidade de criar emprego, está muito para lá desta noção. É um estilo de vida.
O empreendedor não receia o erro ou a falha, compreende que em todos os processos de conhecimento o erro faz parte do caminho.
A nossa política de educação condena o erro de forma clara, busca a chegada. A formação deve contrariar esta ideia, devemos valorizar o “caminho”, valorizar as capacidades, abrir horizontes e querer saber sempre mais.
É por isso importante refletirmos sobre a Formação que visa a transformação e verificarmos que temos um papel fundamental na Sociedade enquanto formadores motivadores, enquanto elementos que conduzem à curiosidade constante, que respeitam a individualidade, que possibilitam a expressão, que contribuem para formar pessoas com espírito crítico. Seres autónomos. Seres que pensam, que não se limitam a reproduzir, a memorizar, que buscam a ação.
Formar para transformar, esse é o lema.
Sandra Maria M. Pelica e Cautela Mateus