Introdução

Formação de Formadores - Desonestidade Académica

A Génese

No príncipio era o estudo... mas este era um mundo imperfeito. Não havia espaço para o lazer, para o prazer do sucesso fácil, a vitória do esperto sobre o "marrão".. enfim, tudo se resumia a um mundo cinzento e previsível. Quem mais estudava era quem obtinha melhores resultados, uma "chatice".

Eis que o Homem decide espreitar pelo ombro do colega, não cabendo em si de felicidade perante tamanha descoberta. Nada mais voltaria a ser igual. O pecado original do paraíso pedagógico acabara de nascer. A desonestidade em sala de aula cumpria o sonho mais desejado da criança ao homem adulto: "como aprender sem esforço".

O Contexto Social

Esta é uma matéria estudada desde há muito, pois há quase 80 anos atrás, um estudo desenvolvido pela Universidade de Columbia que investigou quase 11.000 crianças - entre os 8 e os 16 anos - descobriu que os jovens são extremanente influenciáveis e que até pequenas mudanças na sua vivência ou contexto de desenvolvimento afectam o comportamento individual de forma imprevísivel. Como resultado deste estudo concluiu-se que a diferença de comportamentos destes jovens ou crianças em circunstâncias distintas é menor do que o esperado.

As atitudes de desonestidade nos meios académicos são, não só uma consequência da sua própria experiência e educação pessoal mas igualmente da situação e contexto particular em que o jovem é colocado, dos seus ideais, da sua integração social, dos seus medos ou das suas ambições e objectivos. Tal como o estudo de Bamford e Sergious (2005) sugere, é muito difícil contrariar os hábitos de rotina dos alunos.

Assim a desonestidade académica é um "mix" dos hábitos enraizados nos ambientes académicos - os quais progressivamente têm vindo a incorporar este tipo de comportamentos como normais - e da pressão e dinâmica de competetividade que o seu meio académico e social impõem. Não admira pois que os estudos existentes apontem para uma progressiva adesão a estes comportamentos desviatórios em idades mais avançadas - fruto de hábitos e comportamentos herdados ao longo da sua carreira académica - e que culminam numa adesão estatística com elevados números nos meios universitários. 

É claro que analisando o tema do plágio em função da cultura e região do globo estas verdades podem sofrer variações. Por exemplo, segundo Sónia Vasconcelos (2007) num artigo acerca das Questões Culturais e Linguísticas do Plágio é referido que esta questão é muito complexa, pois pode ser encarada de diferentes perspectivas dependendo da cultura de um dado País. Por exemplo, na China as palavras são património da sociedade e devem ser compartilhadas com todos, independentemente de as mesmas já terem sido usadas por outras pessoas, ou seja, as ideias e expressões não são propriedade exclusiva de uma pessoa - ao contrário do que acontece nos países ocidentais - em que regra geral, as ideias, expressões e palavras escritas são patenteadas pelo individuo que as escreveu e a sua apropriação indevida é matéria de "roubo intelectual".

Tipos de Desonestidade

A desonestidade académica assume várias vertentes e diferentes tipos de conduta. As mais importantes são aqui descritas:

  • Plágio: A cópia ou repodução de conteúdos produzidos por outros autores sem o seu prévio consentimento e com o objectivo de assumir a paternidade dos mesmos.
  • Falsificação: Consiste em falsificar dados, informações ou citações durante a elaboração de trabalhos académicos.
  • Mentira: Fornecer informações falsas ao tutor com o objectivo de o enganar, p.ex. inventar uma descupla para cumprir um dado prazo na entrega de um trabalho.
  • Cabular: Copiar respostas de terceiros  - com ou sem o consentimento dos mesmos - ou de apontamentos, vulgo "cábulas" durante a realização de testes ou exames.
  • Suborno: Obter através de serviços pagos - de colegas ou através de sites especializados neste tipo de actividade - ajuda e respostas para a elaboração de testes ou exercícios.
  • Sabotagem: Sabotar o trabalho de terceiros na tentativa de evitar que terceiros completem o seu trabalho com sucesso. Estas práticas ocorrem em contextos de elevada competetividade académica.
  • Condutas Profissionais Impróprias: fraudes que visam envolver profissionais do meio académico com o objectivo de facilitar a progressão académica, p.ex. comprar notas, pagar para obter antecipadamente cópias dos testes, etc.

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